Tomamos conhecimento do comentário de Jerson Kelman a respeito de nosso artigo que demonstra transição catastrófica no sistema Cantereira, recentemente publicado na revista científica PLoS ONE (http://bit.ly/1OcPtMw).

Nós consideramos bem vinda a discussão de nossos resultados, tanto no âmbito científico, quanto no das suas consequências para políticas públicas. Teríamos, no entanto, apreciado um maior rigor argumentativo por parte de Jerson Kelman.

Nossa resposta em termos técnicos está publicada na mesma área de comentários onde Kelman se manifestou (http://bit.ly/1MNlzOU). Acreditamos ser lá o melhor local para uma discussão científica. Demonstramos que as críticas não se sustentam por ignorar resultados cruciais que apresentamos, ou por falta de familiaridade com o estado-da-arte em modelagem estatística por parte de quem as formulou.

A insistência, por parte de Kelman, em atribuir a crise hídrica atual a um evento hidrológico raro em nada ajuda a sua compreensão e corresponde a ver a crise como fruto apenas de má fortuna. O que nós mostramos é que tal evento é reflexo de uma transição crítica decorrente de um processo dinâmico. Isto é um passo fundamental se quisermos estar preparados para situações semelhantes no futuro e representa um avanço em relação a colocar-se à mercê do acaso.

A queda de um avião é um evento raro, e ninguém pensa em não investigar as suas razões. Uma súbita doença também é um evento raro na vida de uma pessoa, mas o esforço em compreender as causas das enfermidades que pareciam fortuitas possibilitou que muitas já não mais ameacem nossas vidas. Raridade não implica em inevitabilidade nem deve ser desculpa para inação.

Nosso trabalho visa, entre outras coisas, contribuir para a construção de conhecimento que gere melhores procedimentos de gerenciamento. Para tanto, é necessária uma atitude colaborativa, de discussão de espírito aberto envolvendo visões complementares.

Share

Contents © 2015 RMC & RAK & PIKLP     Creative Commons License BY-NC